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A música que nasce do silêncio

Um violão, um caderno e uma lapiseira sobre a cama em um quarto de fazenda

Acho que a música sempre chega antes de mim.Ela aparece escondida entre o barulho leve das árvores, o ranger da porta antiga ou o vento arrastando poeira na varanda. Aqui na fazenda, onde tudo é mais lento, o silêncio não é ausência — é matéria-prima.


Quando toco meu violão, não é exatamente uma busca. É mais como ouvir algo que já estava pronto, esperando que eu me sentasse com calma. Deixo os dedos encontrarem o caminho sozinhos, sem pressa. Uma nota puxa a outra; uma lembrança puxa outra também.


Às vezes é só um acorde que fica rondando a cabeça o dia inteiro. Outras vezes, uma frase aparece inteira, como se alguém a tivesse sussurrado perto de mim. E eu só anoto, como quem guarda uma promessa.


Aprendi que música nenhuma nasce da correria.Ela nasce desse lugar: entre o respirar fundo e o barulho distante da terra se ajeitando.


 
 
 

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